domingo, 30 de março de 2008

Why do you have
To be like that?
Always turning my world
Upside down.

I can never make up my mind
Around you.
You’re intoxicating.

I should hate you
But somehow,
There’s a part deep down
Inside of me telling me I can’t.

The line between love and hate
Is very thin, they say.
I just never thought
It’d be this thin.

Help me.
Help me now,
‘Cause I’m going crazy.

Cátia Ribeiro

quinta-feira, 27 de março de 2008

Words, Wide Night

Somewhere on the other side of this wide night
And the distance between us, I am thinking of you.
The room is turning slowly away from the moon.

This is pleasurable. Or shall I cross that out and say
It is sad? In one of the tenses I’m singing
An impossible song of desire that you cannot hear.

La lala la. See? I close me eyes and imagine
The dark hills I would have to cross
To reach you. For I am in love with you and this

Is what it is like or what it is like in words.

Carol Ann Duffy

segunda-feira, 17 de março de 2008

Merda Precisa-se Snhr. Ministro - 1934

Poema dirigido ao ministro da agricultura Dr. Queimado de Sousa, em Fevereiro de 1934.

Porque julgamos digna de registo
a nossa exposição, Sr. Ministro, a erguemos,
a erguemos até vós, humildemente,
em toada uníssona e plangente
em que evitamos o menor deslize
e em que damos razão à nossa crise.

Senhor! Em vão esta Província inteira
desmoita, lavra, atalha a sementeira,
suando até à fralda da camisa.
Falta a matéria orgânica precisa,
na terra que é delgada e sempre fraca!
A matéria, em questão, chama-se CACA.

PRECISAMOS DE MERDA, SR. SOISA,
E NUNCA PRECISÁMOS D’OUTRA COISA!

Se, os membros desse ilustre Ministério,
querem tomar o vosso cargo a sério,...
se é nobre o sentimento que os anima,
mandem cagar-nos toda a gente em cima
dos maninhos torrões de cada herdade.
Mijem-nos também, por caridade.
O Sr. Oliveira Salazar,
quando tiver vontade de cagar,
venha até nós, solícito, calado,
busque um terreno que esteja lavrado,
deite as calças abaixo, com sossego,
ajeite o cu, bem apontado ao rego
e... como Presidente do Conselho,
queira espremer-se, até ficar vermelho!
A Nação confiou-lhe os seus destinos?
Então, comprima, aperte os intestinos.
Se lhe escapar um traque, não se importe!
Quem sabe se, o cheirá-lo, nos dá sorte?!
Quantos porão as sua esperanças
num traque do Ministro das Finanças?
E, quem viver aflito, sem recursos,
Já não distingue um traque, dos discursos.
Nem precisamos de falar, tenho a certeza,
que a nossa maior fonte de riqueza,
desde as grandes herdades às courelas,
provém da merda que juntamos nelas.

PRECISAMOS DE MERDA, SR. SOISA,
E NUNCA PRECISÁMOS D’OUTRA COISA!

Adubos de potassa? Cal? Azote?
Tragam-nos merda pura do bispote!...
e todos os penicos portugueses,
durante, pelo menos, uns seis meses,
sobre o montado, sobre a terra campa,
continuamente, nos despejem trampa!
Terras alentejanas, terras nuas,
desespero dos arados e charruas,
quem os compra, arrenda, ou quem os herda
sente a paixão nostálgica da merda!...

PRECISAMOS DE MERDA, SR. SOISA,
E NUNCA PRECISÁMOS D’OUTRA COISA!

Ah! merda grossa e fina, merda boa,
das inúteis retretes de Lisboa!
Como é triste saber que, todos vós,
andais cagando, sem pensar em nós!
Se querem fomentar a agricultura,
mandem vir muita gente com soltura...
Nós daremos trigo, em larga escala,
pois, até nos faz jeito, a merda rala!
Venham todas as merdas à vontade,
formas naturais ou esquisitas...
e, desde o cagalhão às caganitas,
desde o grande poio, à pequena bosta,
de tudo o que vier, a gente gosta...

PRECISAMOS DE MERDA, SR. SOISA,
E NUNCA PRECISÁMOS D’OUTRA COISA!

por João de Vasconcelos e Sá

sexta-feira, 7 de março de 2008

Inexistent

The night rules,
The day has long faded,
There’s no one here but you and me.

We own this place.
A rotted smell hangs in the air,
And that is ours too.

So here we are,
Day after day.
Night after night,
Never changing positions,
Never changing emotions,
Never changing our peace of mind.

We’re no more.

Cátia Ribeiro

segunda-feira, 3 de março de 2008

Burial

Feeling buried under
A pile of blurry thoughts.
Can't find my candle,
My guiding light.

Cátia Ribeiro

domingo, 2 de março de 2008

Sabes-me sempre a pouco

Sabes-me sempre a pouco.
Deixas nestes lábios um
Doce gosto a saudade,
Sempre um desejo renascido.

Assim me encontro no desespero
Do tempo que não passa
Quando me deixas só,
Dos dias todos iguais,
Do vagaroso arrastar
De um tempo que troça.

Sabes-me sempre a pouco.
O teu toque deixa um
Amargo sabor a lonjura,
À constante espera de mais.

Assim desespero num tempo
Que teima em correr se te tenho,
De um tempo sempre fugaz
Quando enfim te abraço,
Quando te seguro bem perto,
Quando me sabes a tudo.

Ana Cardoso Santos